quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Não crie o seu próprio bicho-papão...

Entre os contos de fadas e os pesadelos, são muitas as dúvidas dos pais quando o assunto é deixar ou não deixar os filhos dormirem com eles. Dependendo como o casal age nesta situação pode acabar criando o seu próprio bicho-papão...


Não é de estranhar a dificuldade que algumas mães têm em deixar o recém-nascido dormir em um quarto diferente do seu.
Afinal, foram nove meses de gestação e um vínculo intenso. Por isso, é comum que algumas queiram manter o bebê no mesmo ambiente que ela na esperança de ter controle da situação e evitar angústias durante a noite. Com isso, ele vai crescendo, crescendo e nada de mudar para outro cantinho. E, quando isso acontece, muitas vezes o pequeno ganha a permissão de ir dormir com os pais na hora que quiser. Quando se percebe, o costume está instalado e ele já não consegue passar a noite longe da cama deles.

Não faltam teorias e opiniões a respeito do impacto dessa bola de neve no comportamento da criança no futuro.


10 dicas bem legais sobre este comportamento na hora de dormir!!!

1. Até quando o bebê deve permanecer no quarto dos pais?
Até o momento em que os pais tiverem segurança para deixar o pequeno no seu próprio cantinho. Muitas vezes, quando o recém-nascido chega em casa, a mãe, em especial, se sente mais tranquila em tê-lo próximo de si. Daí, acaba colocando o berço no quarto do casal. O contato direto entre mãe e filho, que durou cerca de nove meses, leva um tempo até ser quebrado: o bebê vai aos poucos se adaptando ao meio, e a mãe se restabelecendo e se reestruturando psicologicamente para se acostumar à identidade materna.
2. Quanto mais velha, mais difícil fica essa transição?
Não existe uma idade certa para a transição. Ela deve acontecer quando os pais se sentirem seguros e confortáveis com isso. Mas, claro, quanto mais velha ela fica, mais difícil esse momento se torna. Isso porque o pequeno se acostuma com a presença do adulto para conseguir pegar no sono.
3. Tudo bem deixar o bebê dormir na cama com o casal?
Não, esse hábito não é recomendado. Isso pode ser desconfortável para os pais e para os filhos. Durante o sono, o adulto pode, por exemplo, empurrar ou esmagar a criança. Além disso, é bem provável que nem o pai nem a mãe durmam bem por receio de machucar o pequeno.
4. Como acostumar a criança ao seu próprio quarto?
Não existe uma receita pré-formulada para que o pequeno passe a dormir no próprio quarto, mas algumas dicas são válidas:

Para um bebê que dorme no carrinho ao lado da cama dos pais, é interessante fazer com que ele continue no carrinho no seu próprio quarto por algumas semanas para que, então, se inicie a transferência para o berço. O recém-nascido necessita de uma rotina e mudanças constantes podem causar estresse e ansiedade. Durante o processo, é necessário que exista uma hora certa para dormir e que se converse com o bebê: ele entende muito mais do que se acredita.

-Bichinhos de pelúcia podem se tornar companheiros da hora de dormir, o que é positivo, já que a criança passa a se sentir acompanhada a noite toda, mesmo quando os pais não estão por perto.

-Tornar o quarto da criança um ambiente acolhedor e agradável aumenta as chances de que ela queira ficar lá naturalmente e por escolha própria.

-Se preciso, vale ficar com a criança no quarto até que ela durma, mas depois é importante deixá-la sozinha.

-Todo esse processo de transição tem de ocorrer de forma gradativa. É comum que o bebê venha a chorar – e ocasionalmente até berrar – nos primeiros dias, mas não se deve retroceder no processo: recomenda-se que os pais entrem no quarto, o acalmem e voltem a colocá-lo no berço, sempre com tranquilidade.
5. Crianças que crescem dormindo na cama dos pais podem ter alguma sequela psicológica, como se tornar inseguras?
Não se trata de uma situação de causa e efeito direta. O que pode levar a criança a se tornar insegura, por exemplo, resulta de diversos fatores.
6. É possível que haja traumas por causa disso?
Se o processo de transição for realizado com segurança e afeto, não haverá traumas.
7. A criança pode acostumar a dormir no próprio quarto e, de repente, voltar a querer ficar com os pais?
Sim, a criança está em constante desenvolvimento e é normal que passe por situações de dificuldade (seja na escola, seja com os irmãos), de medo e de angústias, entre outras. Nessas fases, é comum que peçam para dormir com os pais. Deixar ou não deixar depende da estratégia de cada um, mas é importante conversar com o pequeno, ver o porquê e de onde vem essa necessidade e fazê-la se sentir acolhida e compreendida.
8. Quando abrir exceções?
Abrir exceções vai de acordo com a estratégia dos pais, mas geralmente as crianças pedem para dormir com eles quando estão doentes, assustadas por causa de sonhos, inseguras, com medo do bicho-papão. Às vezes, vale entrar na fantasia da criança: no caso de medo do bicho-papão, em vez de dizer que ele não existe, é válido lutar com a criança contra ele, seja com uma guerra de travesseiros, seja com uma ligação para os pais do monstro para que eles o coloquem de castigo.
9. Às vezes, é preciso buscar ajuda psicológica para fazer com que a criança durma na própria cama?
A ajuda psicológica é bem-vinda em situações nas quais os pais sentem que não estão conseguindo conduzir bem a situação. No entanto, é importante lembrar que a dificuldade em dormir sozinho é apenas um sintoma de outros problemas que estão acontecendo com a criança. O medo, a insegurança, a ansiedade de separação e o medo de perder os pais, por exemplo, são dificuldades que levam o pequeno a querer dormir acompanhado dos pais.
10. Se a criança já tiver 4, 5 anos, como fazer essa transição?
Se até essa idade ela ainda necessitar dormir constantemente no quarto dos pais, é interessante uma investigação psicológica para descobrir os motivos que estão desencadeando isso. Às vezes, há problemas na própria família que passam despercebidos.

Ao mesmo tempo, com 4, 5 anos, a criança já tem bagagem e repertório para entender os fatos e reage muito bem às explicações. Segundo Heloisa Benevides de Carvalho Chiattone, coordenadora do serviço de psicologia hospitalar do Hospital São Luís, de São Paulo, essa conversa, aliás, é fundamental para apaziguar os temores infantis.

Durante essa fase, aconselha a criar no quarto um ambiente no qual a criança se sinta bem, com objetos e itens que a agradem e sejam de seu interesse, desde bonecos até pinturas na parede. Abajures são muito bem-vindos, já que farão com que ela não tenha que dormir no escuro. Durante o dia, vale realizar atividades divertidas no novo quarto para que ela se acostume com o lugar e o associe a coisas prazerosas. E, essencial, não vale retroceder, mesmo que seja necessário ficar no quarto até que a criança durma.

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